segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Banco do Brasil, um gigante ineficiente


Por Álvaro Pires da Silva (*)

A voracidade em disputar a hegemonia do mercado fez com que o BB se esquecesse que tamanho não é sinônimo de competência e eficiência. Essa é a conclusão a que chegamos quando olhamos criteriosamente o comportamento do banco no mercado bancário.

No dia 8 de dezembro uma enchente atingiu a agência do BB e de seu principal concorrente, que por ironia possui as mesmas iniciais, em Franco da Rocha. Embora tenha sofrido os danos na mesma proporção que o BB, o concorrente ficou apenas um dia fechado para o público, enquanto a agência do BB permaneceu sete dias fechada para qualquer tipo de atendimento. E, pior ainda, quando abriu suas portas, não havia uma máquina sequer funcionando no auto-atendimento, forçando clientes e usuários a adentrarem na agência onde apenas dois caixas trabalhavam. Aliás, a questão do mau atendimento é muito visível quando comparamos com os demais concorrentes. Só no quesito de número de caixas o BB perde para todos os bancos! O atendimento prestado pelo banco é uma verdadeira esculhambação, pois deveria ser o bom exemplo aos concorrentes. Aspones de plantão já defendem que o banco está para sair do local, mas omitem que o problema se arrasta por mais de duas décadas e que o local onde está sendo construída a nova agência também sofre alagamentos. A diferença é que lá pode não haver prejuízo material, já que está sendo construída acima do nível atingido pelas enchentes, mas com certeza acarretará muitos prejuízos aos clientes que ficarão impossibilitados de acessar o banco em virtude da água e da lama que ilham o prédio, como já acontece com o banco Itaú.

Quando um equipamento sofre avaria ou simplesmente para de funcionar, o seu conserto ou reposição é absurdamente burocrático, resultando em grandes transtornos para seus clientes. Esse problema já está se manifestando também na Nossa Caixa, incorporada recentemente pelo BB. Já temos relato de várias agências onde as máquinas do auto-atendimento permaneceram inoperantes em finais de semana e mesmo durante a semana.

As condições de trabalho estão cada dia piores, tanto no BB como na incorporada. Fraudes em ponto eletrônico, crime que nem os bancos privados cometem mais, são comuns. Falta de funcionários, horas extras proibidas, cobrança abusiva de metas, são apenas alguns dos tantos problemas que afligem os funcionários dos dois bancos. Acrescenta-se a isso um PCS que não valoriza seus funcionários e uma política de promoções bastante questionável, por se tratar de empresa pública, que deveria praticar concurso interno para ascensão nas carreiras. Aliás, essa política de atribuir funções e não cargos aos comissionados é uma maneira de manter os subordinados como marionetes, tal qual acontece nos bancos privados.

Quando analisamos o relacionamento da diretoria com os representantes dos funcionários e as soluções ou negociações de problemas, aí somos pegos pela perplexidade! Vejamos o caso do convênio odontológico acordado com o banco nas negociações de 2008 e que até hoje não foi implantado e ninguém mais fala disso! Nas reuniões com o Comando da Nossa Caixa as negociações não evoluem e os problemas permanecem afligindo a todos os funcionários. Por se tratar de uma empresa controlada pelo governo Lula, portanto uma administração que se diz voltada para o trabalhador, esperava-se que, pelo menos no quesito Gestão de Pessoas, as negociações realmente acontecessem e fossem eficazes. Ledo engano, pois muitos bancos privados respeitam muito mais os representantes dos trabalhadores!

Agora o BB se diz interessado em crescer para fora do país, com aquisições de outros bancos. Essa intenção nos remete a um questionamento bastante pertinente: o que adianta ser uma empresa gigante se a sua ineficiência é proporcional ao seu tamanho e a sua principal marca registrada junto à população?

Mas há uma luz no fim do túnel, pois o governo federal e a diretoria têm condições, se quiserem é claro, de praticar uma revolução em sua maneira de administrar, descentralizando decisões, criando diretorias regionais, concedendo maior autonomia aos gestores e, principalmente, desviando o foco de venda de quinquilharias bancárias, que na maioria das vezes interessa mais aos dirigentes do que para a própria empresa, para o bom atendimento aos clientes e na redução de suas taxas, item no qual o Banco do Brasil tem vocação para ser um gigante imbatível.

(*) Álvaro Pires da Silva é Secretário Geral do Seeb Jundiaí


sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Justiça manda Bradesco pagar R$ 1 milhão a gerente demitido em Rondônia

A Justiça do Trabalho, por meio da Vara do Trabalho de Rolim de Moura, em Rondônia, através de sentença proferida no ultimo dia 11, pelo Juiz Federal Wadler Ferreira, condenou em primeira instância o Banco Bradesco S/A a pagar R$ 1 milhão ao ex-gerente da agência de Rolim de Moura-RO.

O bancário foi demitido da instituição depois que a família a esposa e dois filhos foram mantidos como reféns durante a noite do dia 26 de março de 2007. Os assaltantes foram com a família do então gerente até a zona rural de Cacoal e obrigaram o gerente a ir até agência, abrir o cofre e levaram mais de 100 mil reais em dinheiro.

Somente cinco horas depois de pegarem o dinheiro, eles abandonaram a família do gerente, que foi assistida por moradores da região. Tempo depois o Serviço de Inteligência da PM de Rolim de Moura elucidou o caso e os envolvidos no crime foram todos presos.

A administração do banco considerou que o gerente procedeu de maneira contrária às normas da empresa e por este motivo foi demitido. Considerando-se injustiçado, o gerente acionou e a justiça do trabalho e ganhou indenização de mais de R$ 1 milhão. A assessoria jurídica do banco informou que vai recorrer da sentença.

O Juiz Wadler Ferreira disse que, dentre os valores, estão incluídos danos morais, indenização e honorários periciais. De acordo com a sentença que possui 21 laudas, os fatos acontecidos em março 2007, consiste no crime de extorsão mediante seqüestro e envolvendo o gerente, é um acidente de trabalho e, por este motivo, considera que ele foi demitido injustamente e determina o pagamento da indenização.


Fonte: Dorti Schimer - Jornal Folha de Rondônia

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Bancos fecham 2.076 postos de trabalho entre janeiro e setembro de 2009


Apesar de não terem sido atingidos pela crise e de manterem o ritmo de crescimento de seus lucros, os bancos que operam no Brasil fecharam 2.076 postos de trabalho entre janeiro e setembro de 2009, segundo estudo elaborado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O fechamento dessas vagas ocorreu nos bancos privados, sobretudo em razão das fusões, compensadas em parte pelas admissões nas instituições financeiras públicas. O estudo, que toma por base dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, mostra ainda que os bancos estão usando a rotatividade para reduzir a média salarial dos trabalhadores e que mantêm a discriminação em relação às mulheres, que estão sendo contratadas com salários inferiores aos dos homens. As empresas financeiras desligaram 22.803 bancários e contrataram 20.727 nos primeiros nove meses do ano. É uma inversão do que ocorreu no mesmo período do ano passado, quando houve um aumento de 14.366 novas vagas no mesmo período (44.614 contratações e 30.248 afastamentos).


Período

Admitidos

Remuneração média (R$)

Desligados

Remuneração média (R$)

Saldo

Diferença da Remuneração média (R$)

Janeiro a setembro de 2008

44.614

1.960,56

30.248

3.224,09

14.366

-39,19%

Janeiro a setembro de 2009

20.727

2.051,80

22.803

3.494,25

-2.076

-41,28%

Fonte: MTE/Caged. Elaboração: Subseção Dieese/Contraf-CUT

"Os bancos estão na contramão do movimento que a economia brasileira está seguindo. Enquanto os demais setores econômicos criaram 932 mil novos postos de trabalho de janeiro a setembro com a retomada do crescimento, os bancos, que não sofreram nenhum impacto com a crise, estão fazendo o contrário", critica Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT. "Isso é ainda mais injustificável quando sabemos que o sistema financeiro continua tendo a maior rentabilidade de toda a economia e os cinco maiores bancos apresentaram lucro líquido de R$ 22,1 bilhões nos primeiros nove meses do ano." Os dados do Caged não permitem separar as contratações e desligamentos por banco, apenas por segmento do sistema financeiro: bancos comerciais, bancos múltiplos, bancos de investimentos e caixas econômicas. "Como neste último segmento só existe a Caixa Econômica Federal, que abriu no primeiro semestre 3.172 novos empregos, e sabemos que não tem havido demissões no Banco do Brasil e outros bancos públicos, a conclusão é que o fechamento de postos de trabalho está concentrado nos bancos privados, principalmente por causa dos processos de fusão do Itaú Unibanco e do Santander Real", avalia Marcel Barros, secretário-geral da Contraf-CUT.

Demissões se concentram nos maiores salários

Além da redução do emprego, está havendo também uma diminuição na remuneração média dos trabalhadores do sistema financeiro. Os desligados de janeiro a setembro de 2009 recebiam remuneração média de R$ 3.494,25. Já os contratados têm remuneração média de R$ 2.051,80, o que representa uma diferença de 41,28% - quase a metade. Isso porque os desligamentos foram concentrados nos escalões hierárquicos superiores e as admissões ocorrem principalmente nos cargos iniciais da carreira. Esse movimento intensificou a tendência observada no mesmo período do ano passado, quando a diferença entre os salários médios dos bancários contratados e desligados foi de 39,19%. O gráfico abaixo mostra a quantidade de admitidos, desligados e saldo de emprego por faixa salarial. Apenas até a faixa de 2,01 a 3 salários mínimos o saldo de emprego é positivo; a partir de 3 salários mínimos o saldo passa a ser negativo. Esse é resultado de dois movimentos: o primeiro é de que as admissões estão concentradas na faixa de 2,01 a 3 salários mínimos e os desligamentos estão distribuídos pelas faixas superiores de salário. * Clique aqui para acessar o gráfico que mostra o número de admitidos, desligados e saldo de ocupações de remuneração no Brasil entre janeiro e setembro de 2009.

Demitidos com alta escolaridade

Com relação à escolaridade, o levantamento revela uma contradição com o discurso amplamente difundido pelas empresas sobre a necessidade e a urgência da crescente escolarização como fator de empregabilidade: a grande maioria dos desligados (59,42%) tem educação superior completa. Clique aquipara acessar o gráfico. "Ou seja, as empresas financeiras estão reduzindo custos com fechamento de postos de trabalho e ainda com a alta rotatividade da mão-de-obra, demitindo bancários com salários mais altos e contratando funcionários com remuneração inferior", questiona Carlos Cordeiro. "Outra contradição é que os bancos exigem qualificação cada vez maior e forçam os bancários a custearem seu próprio aprimoramento acadêmico, mas a pesquisa mostra que as demissões estão atingindo principalmente os trabalhadores com maior escolaridade."

Discriminadas, mulheres já entram recebendo menos

Na desagregação por gênero, o levantamento da Contraf-CUT/Dieese mostra que a tendência de os afastamentos se concentrarem nos salários mais altos ocorre tanto com os bancários como com as bancárias. Mas reafirma outras pesquisas de que as mulheres continuam tendo remuneração inferior aos homens no sistema financeiro nacional: 30,21% de diferença entre os admitidos e 32,95% entre os desligados, como demonstra a tabela a seguir.


Remuneração média dos admitidos e desligados por gênero

Brasil - janeiro a setembro de 2009

Rem. Média

(em R$)

Masculino

Feminino

Dif.% da Rem. Média

Admitidos

2.392,28

1.669,59

-30,21%

Desligados

4.122,29

2.764,06

-32,95%

Total

-41,97%

-39,60%

-

Fonte: MTE/Caged. Elaboração: Subseção Dieese/Contraf-CUT


"Os dados deixam claro que os bancos continuam praticando a discriminação contra as mulheres, uma vez que elas já são contratadas com salários inferiores aos dos homens, o que contradiz o discurso de responsabilidade social das instituições financeiras", critica Deise Recoaro, secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT.


Evolução do emprego por região

Os dados por região mostram que a concentração do saldo negativo de postos de trabalho está localizada nas regiões sul e sudeste, onde se destaca o Estado de São Paulo, com um saldo negativo de 2.264 ocupações.

Fonte: Contraf-CUT