Por Álvaro Pires da Silva (*)
A voracidade em disputar a hegemonia do mercado fez com que o BB se esquecesse que tamanho não é sinônimo de competência e eficiência. Essa é a conclusão a que chegamos quando olhamos criteriosamente o comportamento do banco no mercado bancário.
No dia 8 de dezembro uma enchente atingiu a agência do BB e de seu principal concorrente, que por ironia possui as mesmas iniciais, em Franco da Rocha. Embora tenha sofrido os danos na mesma proporção que o BB, o concorrente ficou apenas um dia fechado para o público, enquanto a agência do BB permaneceu sete dias fechada para qualquer tipo de atendimento. E, pior ainda, quando abriu suas portas, não havia uma máquina sequer funcionando no auto-atendimento, forçando clientes e usuários a adentrarem na agência onde apenas dois caixas trabalhavam. Aliás, a questão do mau atendimento é muito visível quando comparamos com os demais concorrentes. Só no quesito de número de caixas o BB perde para todos os bancos! O atendimento prestado pelo banco é uma verdadeira esculhambação, pois deveria ser o bom exemplo aos concorrentes. Aspones de plantão já defendem que o banco está para sair do local, mas omitem que o problema se arrasta por mais de duas décadas e que o local onde está sendo construída a nova agência também sofre alagamentos. A diferença é que lá pode não haver prejuízo material, já que está sendo construída acima do nível atingido pelas enchentes, mas com certeza acarretará muitos prejuízos aos clientes que ficarão impossibilitados de acessar o banco em virtude da água e da lama que ilham o prédio, como já acontece com o banco Itaú.
Quando um equipamento sofre avaria ou simplesmente para de funcionar, o seu conserto ou reposição é absurdamente burocrático, resultando em grandes transtornos para seus clientes. Esse problema já está se manifestando também na Nossa Caixa, incorporada recentemente pelo BB. Já temos relato de várias agências onde as máquinas do auto-atendimento permaneceram inoperantes em finais de semana e mesmo durante a semana.
As condições de trabalho estão cada dia piores, tanto no BB como na incorporada. Fraudes em ponto eletrônico, crime que nem os bancos privados cometem mais, são comuns. Falta de funcionários, horas extras proibidas, cobrança abusiva de metas, são apenas alguns dos tantos problemas que afligem os funcionários dos dois bancos. Acrescenta-se a isso um PCS que não valoriza seus funcionários e uma política de promoções bastante questionável, por se tratar de empresa pública, que deveria praticar concurso interno para ascensão nas carreiras. Aliás, essa política de atribuir funções e não cargos aos comissionados é uma maneira de manter os subordinados como marionetes, tal qual acontece nos bancos privados.
Quando analisamos o relacionamento da diretoria com os representantes dos funcionários e as soluções ou negociações de problemas, aí somos pegos pela perplexidade! Vejamos o caso do convênio odontológico acordado com o banco nas negociações de 2008 e que até hoje não foi implantado e ninguém mais fala disso! Nas reuniões com o Comando da Nossa Caixa as negociações não evoluem e os problemas permanecem afligindo a todos os funcionários. Por se tratar de uma empresa controlada pelo governo Lula, portanto uma administração que se diz voltada para o trabalhador, esperava-se que, pelo menos no quesito Gestão de Pessoas, as negociações realmente acontecessem e fossem eficazes. Ledo engano, pois muitos bancos privados respeitam muito mais os representantes dos trabalhadores!
Agora o BB se diz interessado em crescer para fora do país, com aquisições de outros bancos. Essa intenção nos remete a um questionamento bastante pertinente: o que adianta ser uma empresa gigante se a sua ineficiência é proporcional ao seu tamanho e a sua principal marca registrada junto à população?
Mas há uma luz no fim do túnel, pois o governo federal e a diretoria têm condições, se quiserem é claro, de praticar uma revolução em sua maneira de administrar, descentralizando decisões, criando diretorias regionais, concedendo maior autonomia aos gestores e, principalmente, desviando o foco de venda de quinquilharias bancárias, que na maioria das vezes interessa mais aos dirigentes do que para a própria empresa, para o bom atendimento aos clientes e na redução de suas taxas, item no qual o Banco do Brasil tem vocação para ser um gigante imbatível.
(*) Álvaro Pires da Silva é Secretário Geral do Seeb Jundiaí
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